24.12.11

"Imortais": Batalhas sangrentas e visuais lindos não salvam o filme da mediocridade


IMORTAIS

Este "Imortais"(Immortals, 2011) vem sido divulgado massivamente desde o início do ano. Lá nos Estados Unidos, o filme passou por vários adiamentos. Pelo trailer, "Imortais" não parecia mais do que uma mistura de "300"(300, 2007) e "Fúria de Titãs"(Clash of the Titans, 2010). O filme finalmente chega ao Brasil, e conforme o esperado, não passa de mais um épico mitológico entupido de efeitos especiais e poucas qualidades além desta.
Teseus(Henry Cavill) é um simples camponês de sua terra. Vivendo junto com a mãe, ele vem sido treinado por um misterioso velho, tendo se tornado um grande guerreiro disposto mais do que tudo a proteger seus amados. O Rei Hipérion(Mickey Rourke) está numa sangrenta jornada em busca do Arco de Epiru, uma poderosa arma divina com o poder de libertar os Titãs aprisionados no Monte Tártaro. Para encontrar tal arma, Hipérion precisa encontrar a Oráculo Fedra(Freida Pinto), que sabe onde o Arco está. Teseus é então escolhido por Zeus(Luke Evans) para liderar o exército contra o Rei Hipérion. Se os Titãs forem libertados, a fúria dos Deuses também será.
Henry Cavill, o futuro Superman de "The Man Of Steel", não faz mal em seu papel. Muito melhor do que Sam Worthington como Perseu em "Fúria de Titãs", que só sabia gritar e fazer cara de bravo. Cavill compõe Teseus de forma mais profunda, ele deixa que o espectador veja que dentro daquele bravo guerreiro, há um jovem amável que sofre pela perda de seus amados. Freida Pinto começa o filme atuando surpreendentemente mal. Mas, felizmente, é uma questão de tempo para que a atriz evolua conforme o filme avança e represente Fedra de melhor forma. Ainda sim, não é uma ótima atuação da parte dela, poderia ser bem melhor. Stephen Dorff faz o ladrão Stavros, que acompanha Teseus em sua jornada. Dorff tem pouquíssimas falas e seu personagem é completamente dispensável, mas o carisma do ator e sua boa interpretação são o suficiente para não nos esquecermos de que aquele personagem está ali, e ao mesmo tempo, desejarmos que ele tivesse mais destaque e mais função dentro da trama. Mickey Rourke está ótimo como Hipérion, ele faz totalmente o estilo de um Rei rejeitado, perverso e ambicioso. E de todo o elenco, Rourke é um dos mais carismáticos, mesmo sendo vilão. É aquele tipo de vilão que você sabe o que ele faria com você se interrompesse em seus planos só com o seu primeiro olhar.
Os Deuses são extremamente mal caracterizados, com excessão de Atena, interpretada por Isabel Lucas. Peter Stebbings, Daniel Sharman, Kellan Lutz e Luke Evans são respectivamente Helios, Ares, Poseidon e Zeus. Os outros atores não tem muito espaço para mostrar seu talento, mas Evans interpreta bem Zeus. O problema é que nenhum dos quatro consegue nos convencer em sua aparência que são Deuses gregos. Além disso, os Deuses são ridicularizados ao máximo em sua luta com os Titãs. Zeus poderia fritar todos eles com um simples raio, mas não temos nenhuma demonstração do verdadeiro poder dos Deuses durante o filme inteiro. Agradeço por Hades não estar neste filme, ao menos não foi ridicularizado em sua aparência e em seus poderes.
O primeiro ato da fita parece extremamente apressado, como se roteiro quisesse cortar tudo diretamente para a batalha - uma vez que as cenas de guerra e lutas são o ponto mais positivo do filme. Os efeitos especiais são excelentes, assim como a cinematografia de Brendan Galvin. A trilha sonora, no entanto, é muito genérica. Ela dá certo tom ao filme, mas não tem sua própria identidade, é algo que você sente já ter ouvido em épicos gregos antes. O 3D é razoável, em certos pontos os efeitos são notáveis, mas em outros você nem lembra que o filme é em 3D. As cenas de luta são muito bem coreografadas e executadas, sendo esta a melhor parte do filme. As batalhas são intensas e empolgantes, e apesar dos Deuses entosquecidos, a cena da batalha entre Deuses e Titãs vale pelo filme inteiro. A luta entre Teseus e Hipérion também é compensadora e acaba mostrando mais da natureza da relação dos dois personagens. Os Titãs, por sua vez, não tem absolutamente nada haver com os que conhecemos em outras mídias sobre mitologia grega. Talvez a má caracterização dos Deuses e dos Titãs derive de preguiça ou tentativa dos produtores de economizar um pouco de dinheiro, já que o orçamento do filme é de 75 milhões, relativamente pequeno para um épico grego cheio de efeitos especiais. A direção não ajuda muito também, Tarsem Singh faz um bom trabalho apenas nas cenas de guerra. Durante o filme inteiro a cor que predomina sobre as imagens é um tom de beje e amarelo, dando um visual bastante desértico para o longa. Acaba lembrando também um pouco da fotografia de "300".
Conclusão Final: Com ótimos efeitos, atuações razoáveis, péssima caracterização dos Deuses, cenas de ação excelentes e trilha sonora genérica, "Imortais"(Immortals, 2011) acaba sendo um filme mediano. O filme também falha em divertir o espectador com alguma coisa além da ação, o péssimo "Fúria de Titãs" consegue ser muito mais divertido. Pessoalmente, eu não sei se assistiria a este longa novamente.

Nota: 6.5

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