31.5.12

"Ato de Coragem" vai agradar aos amantes de FPS, mas só.

Vamos logo pro poster, vai.

EL AMANTE FELINO apresenta
ATO DE CORAGEM

"Ato de Coragem" (Act of Valor, 2011) conta a história de uma equipe da Navy SEALs que precisa impedir um ataque terrorista em grande massa contra os Estados Unidos. 

É, a sinopse é só essa frase. Não estou criticando, não tenho nada contra histórias simplistas, só realmente não consigo tirar mais do que isso pra resumir a trama sem soltar spoilers, então, vamos à crítica. O filme é estrelado por militares americanos ativos, e uso isso de pretexto para entrar no quesito das atuações no filme, que são na maioria terríveis. Dos personagens, apenas o tenente Rorke chega perto de ser bem desenvolvido, carregando consigo o drama de ter deixado sua esposa grávida para trás para embarcar numa missão altamente arriscada, e Chief, seu companheiro, ganha uma certa evolução apenas ao final da fita. Os outros personagens são pouquíssimo enfasados, e sendo que os dois mais desenvolvidos também são pouco enfasados, o "protagonista" do filme acaba por ser os Estados Unidos como um todo. 

As únicas atuações que se salvam são a de Alex Veadov, como o contrabandista Christo, e a do intérprete de Senior, que assim como a maioria dos protagonistas, é um militar, portanto não consta como artista em sites sobre cinema, portanto não vou olhar os créditos denovo só pra conferir o nome. Este, por sinal, mostra-se bastante carismático e rende uma das melhores cenas - com seu parceiro-de-boa-atuação Alex Veadov, em que Christo é interrogado. 

O filme tenta desenvolver uma atmosfera de exército real, não cinematográfico, mas mesmo assim não resiste aos charmes da sétima arte - como por exemplo, o terrorista Abu Shabal chegando num esconderijo vestido com sobretudo preto, calças da mesma cor e óculos escuros, e se deparando com o mercador de quem comprará armas tocando violino enquanto os outros trabalham. Ou então, uma conversa entre Christo e Shabal diante de uma enorme janela, enquanto Christo bebe vinho em uma taça redonda, e mais tarde, na cena em que mencionei, Christo sendo interrogado por Senior num ambiente formal danificado, estando Senior usando roupas sociais, com carisma e respeito para arrancar informações do contrabandista num conflito de ideais interessante.

O clímax é confuso. Os únicos momentos em que ele realmente se fixa é na ação, o filme não parece seguir uma trama linear, é como se fossem três missões militares jogadas em um longa-metragem. Tanto que, ao final da primeira missão, já é lançado um ar de conclusão da história. 

A trilha sonora original de Nathan Furst é mediana. Acompanha a ação do longa, mas é pouquíssimo marcante e memorável, detalhe importante em filmes de guerra. A mixagem de som, por outro lado, é ótima, não escapando do estilo realista de filmagem que os diretores Mike McCoy e Scott Waugh estabelecem.

A direção, por sinal, começa perdida, mas se torna mais sólida a partir do segundo ato do filme. A filmagem, como dito ali em cima, segue um padrão realista, e McCoy e Waugh claramente fazem um trabalho muito melhor com as cenas de ação do que com as paradas, como nos diálogos. Algumas cenas parecem nem mesmo ter sido planejadas com antecedência, apenas chegaram no quintal e disseram "Ah, vamos filmar deste ângulo e tá bom assim", sem certeza do que estavam fazendo. As cenas em primeira pessoa são muitíssimo bem filmadas, entretanto acabam se tornando algo over used até o término da fita. 
Os efeitos especiais são em maior parte práticos, e muito bem usados, como nos bons e velhos filmes de ação oitentistas. O CG é muito pouco usado, mas é perceptível quando simula sangue, ou na explosão do atentado que abre o longa. De uma forma geral, os efeitos são muito bons pra um filme de curtíssimo orçamento - um bom exemplo de quando os cineastas sabem trabalhar com o que tem, se tratando de efeitos especiais.
Com ambição diminuta, atuações ruins, pouca ênfase de personagens, trilha mediana, boas cenas de ação e um roteiro que não se encaixa com si próprio, "Ato de Coragem" acaba sendo um filme mediano, mais feito para "vender" o exército americano e agradar fãs de FPS. Essa tarefa o longa com certeza vai desempenhar muito bem, mas ele não passa disso.

Nota: 6.9

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